Monumentos Nacionais
"Villa" Lusitano - Romana de Torre de Palma
Localização: Herdade de Torre de Palma - Freguesia de Vaiamonte
Decreto n.º 251/70 de 3 de Junho
Imóveis de Interesse Público
IGREJA DA MADALENA
Localização: Largo da Madalena - Monforte
Decreto nº. 29 604, de 16/05/39
Igreja de Nossa Senhora da Conceição
Localização: Rossio de Monforte a 600 m da Vila
Decreto n.º 8/83, de 24 de Janeiro
Ponte de Origem Romana sobre a Ribeira Grande ou de Monforte
Localização: Monforte
Dec. Lei n.º 29/90 de 17 de Julho
Villa Lusitano-Romana
Torre de Palma
"Numa manhã de março de 1947, a aiveca do
charrueco de Joaquim Inocêncio, pôs a descoberto um pequeno
fragmento de mármore trabalhado que pertencia ao capitel
de uma coluna.
À hora do jantar, ao meio-dia, engoliu rápidamente
a açorda, muniu-se de um enchadão e foi direito ao local.
A uns cinquenta centímetros de profundidade encontrou um
pavimento de pedrinhas coloridas com figurações para ele
totalmente desconhecidas. (...)
Consciente do que tinha diante dos olhos,
mandou remover alguma terra em volta da porção de mosaicos
visível - deste modo começou a pôr a descoberto nada mais
nada menos, do que o monumental "Mosaico das Musas" de 10,24m
x 6,35m. Entretanto participou o facto ao senhorio, Sr.
João da Costa Falcão, e este esclarecido dono, satisfeito
com tais resultados tudo facilitou, na altura e depois ,
para que se explorasse convenientemente este sucesso ocorrido
nos seus terrenos.
A notícia correu célebre, o que fez com que,
todos os dias, se vissem a caminho pessoas de Monforte e
Vaiamonte, isoladas ou em pequenos grupos atraídas pelo
desejo de ver as "minas", nome pelo qual conheciam o mosaico,
por ter sido encontrado debaixo do chão. Os jornais deram
relêvo ao acontecimento e pouco depois, estava no local
o Professor Dr. Manuel Heleno "O achado deu brado e ao conhecimento
do Director do Museu Etnológico, que para ali se deslocou
no dia 22 do dito mês, com o fim de acautelar as antiguidades
descobertas e preparar escavações metódicas".
Descobriram-se também pavimentos de edificações
próximas, tais como os de uma igreja, mas o que principalmente
interessa aos lavradores foi ter-se posto à luz do dia o
maior e melhor assento de lavoura da Lusitânia Romana até
agora explorado em Portugal, é um dos mais valiosos do mundo
Romano."
(Lavoura Portuguêsa) nº.3 - 4
"Março - Abril - 1967"
Torre de Palma
Uma Villa Romana no Alentejo
A Villa Romana de Torre de Palma situa-se
a cerca de 5 Km de Monforte, na herdade do mesmo nome.
Trata-se de uma vasta
VILLA RUSTICA onde uma decerto poderosa família Romana,
os BASÍLII, cujo nome é conhecido através de uma inscrição
encontrada no local, construíram uma sumptuosa residência,
aí se fixando de modo permanente talvez desde o Séc. II
até ao Séc. IV da nossa era rodeando-se dos seus servos
e amigos, recebendo numerosos convivas e viajantes, e explorando
um vasto latifúndio, que incluía lagares, celeiros e outras
dependências agrícolas.
A VILLA desenvolve-se sobre uma suave colina,
junto de um pequeno riacho, em torno de um vasto pátio interior,
de forma trapezoidal. As amplas e sumptuosas instalações
da VILLA ROMANA, ou residência dos proprietários, dispunham-se
por sua vez em torno de um peristylium, pátio quadrangular
com um alpendre assente em colunas que tinha um tanque ao
meio, o impluvium, e era pavimentado com mosaicos
diversos. A entrada principal fazia-se através do tablinum
ou sala de recepção, onde se encontrava o célebre mosaico
das Musas, daí se passando para o pátio.
A axedra, sala
destinada à prática musical e ao convívio, abria também
para este pátio, e o seu pavimento era constituído pelo
mosaico dos cavalos. A sala dos banquetes ou triclinium,
patenteava claramente o apreço dos donos pela natureza,
nas flores e frutos dourados dos frescos que revestiam as
paredes e no próprio pavimento , constituído pelo lindíssimo
mosaico das flores.
Os BASILII eram decerto pessoas de mesa requintada,
servindo-se de baixelas de prata ou de louça importada da
Gália (França), e iluminavam as salas com belas lucernas
de cerâmica fina ou de ou de bronze, rodeando-se de todas
as comodidades da gente abastada dessa época, proporcionadas
pela exploração das vastas terras de que dispunham por meio
de numerosos escravos.
Possuíam também umas termas de certa magnificência
situadas um pouco a Oeste da VILLA, formando um edifício
independente. De uma primeira sala, onde as pessoas se despiam
e praticavam exercícios físicos, passava-se sucessivamente
para as salas destinadas a banhos frios, tépidos e quentes
(frigiderium, tepidarium e caldarium) respectivamente.
Quanto aos servos dispunham de termas mais
modestas, junto da sua área residencial, situada na ala
Este da VILLA.
A Norte da VILLA encontraram-se as ruínas
da Basílica Paleo-Cristã, provavelmente datada do séc. IV,
com três naves de sete tramas, e ábsides contrapostas, a
qual tinha um batisfério em forma de cruz, de Lorena, com
dois lanços opostos de quatro degraus, considerado como
sendo um dos mais complexos da Península Ibérica, só paralelos
na Palestina e no Norte de África.
Esta importante estação arqueológica está
classificada como Monumento Nacional e foi estudada e em
grande parte escavada pelo Professor Dr. Manuel Heleno de
1947 a 1962 e mais recentemente pelo Professor Dr. Fernando
de Almeida, e ambos publicaram os resultados das suas escavações
em O Arqueólogo Português e outras publicações especializadas.
Os materiais recolhidos encontram-se no Museu Nacional de
Arqueologia e Etnografia e Etnologia em Lisboa.
Os estudos tiveram continuidade a partir
de 1983 sob a direcção da Drª: Stephanie Maloney, Estados
Unidos da América e Maria da Luz Gouveia Veloso da Costa
Huffstot de Lisboa.