Comunicações
Razão de um certo desencanto
Ao analisar-se um quarto de século
de poder local democrático e é importante
fazê-lo a par do (muito) de bom que se conquistou, que
se construiu e que só não vê quem não
quer, é igualmente importante que não se
ignore um facto negativo herdado do anterior regime as "assimetrias"
que em grande parte dos concelhos, marcam a relação
sede restantes freguesias.
É evidente e não podemos
ser fundamentalistas que nas sedes terão que estar
centralizados determinados Serviços, que aí
terão que funcionar as chefias de determinadas valências.
No entanto será/seria desejável, seria democrática,
a extensão das mesmas, a nível de todo o município
e até onde justificável. Pois como se sabe,
estão em confronto dois modelos de municipalismo um
que defende a descentralização às
potencialidades e com base nos agentes locais, e outro
que defende todo o essencial para a sede do concelho.
E a prova evidente e clara de que é assim, está
no facto de, existindo uma Associação Nacional
de Municípios existe igualmente uma Associação
Nacional de Freguesias.
Tiremos daqui o chapéu aos municípios
onde os mesmos são encarados como um todo, nos
impostos como nos benefícios, mas não nos esqueçamos
de todos aqueles onde isso é uma utopia havendo mesmo
alguns onde as "assimetrias" são "gritantes e onde
tudo isso é, escandaloso. E em tudo isto reside
certamente e em nosso entender a base dos movimentos pró
criação de novos concelhos.
E este é o nosso grito de protesto
mesmo de desencanto, passado mais de meio século de
procura de uma cultura democrática, e perante este
sinal menos num poder local que se pretende isento e consciente.
Mas como somos um eterno prisioneiro da esperança...
Lino Mendes
(Grupo de Promoção Sócio-Cultural
de Montargil)
Gabinete de Estudos e Desenvolvimento
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